As fortes chuvas que alagaram cidades no Sul e no Sudeste do país e a seca histórica registrada no Amazonas no 2º semestre de 2023 são efeitos de uma instabilidade no clima que deve perdurar no próximo ano.
Segundo o Cemaden/MCTI (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação), a previsão é de que os efeitos do chamado El Niño se intensifiquem a partir de dezembro e sigam até fevereiro de 2024. O fenômeno ocorre pelo aquecimento acima do normal das águas do Oceano Pacífico próximas à Linha do Equador. Essa mudança altera a circulação dos ventos e a formação das chuvas em diferentes regiões do planeta.
Ane Alencar, diretora de ciência do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), alerta que o próximo ano deve apresentar desafios ainda mais intensos do que os de 2023. “Nós vamos ter uma situação de calamidade pior do que já estamos vivendo”, afirmou.
A especialista diz que o panorama geral é de que a crise climática se intensifique com vários fenômenos simultâneos “que se retroalimentam”. Ela cita, além do El Niño, a AMO (sigla em inglês para Oscilação Multidecadal do Atlântico), que aquece as águas do oceano na região equatorial e é agravado pelo aumento das temperaturas com o aquecimento global.