O resultado mais surpreendente da pesquisa Ipec com os candidatos ao governo de Pernambuco é o de Danilo Cabral (PSB). A falta de resultado, no caso. Com a estrutura que o PSB oferece, com as gestões estadual e municipal, no Recife, com a quantidade de prefeitos apoiando, o candidato estar patinando sem conseguir sair do lugar, passadas quase duas semanas de guia eleitoral, é merecedor de “testas franzidas” para tentar entender.

Sim, testas franzidas foram expressões comuns entre analistas políticos após os números. O problema é que Danilo largou com 6% e chegou a 8% na pesquisa seguinte. Tudo indicava que iria iniciar uma trajetória ascendente.

Uma semana depois, manteve o mesmo percentual. Estacionar é bom quando você está em vantagem. Na quarta posição, é uma tragédia.

Para completar o cenário, digno de um drama, Marília Arraes (SD) disparou na frente e saiu de 33% para 38%. Isso piora tudo para Danilo.

Uma iminente vitória de Marília coloca pressão absurda nos socialistas e na Frente Popular. Ninguém mais que ela, em qualquer palanque, teria tanto interesse em fazer um levante de todas as contas do PSB em 16 anos de governo. Há muita preocupação com isso em algumas rodas de conversa com socialistas. Marília é a única com quem uma transição tende a ser caótica.

Até com Anderson Ferreira (PL), candidato de Bolsonaro (PL), acredita-se que seria mais fácil conduzir a passagem do bastão.

Com Raquel Lyra (PSDB) e Miguel Coelho (UB) também.

Por isso, além de continuar trabalhando forte e pesado para que Danilo cresça na reta final, o PSB vai começar a calcular outros planos e reagir.

Sim, haverá reação ao favoritismo da neta de Arraes que, hoje, tem possibilidade de liquidar a eleição até no primeiro turno.

Terceira Lei de Newton
“Para toda força de ação que é aplicada a um corpo, surge uma força de reação em um corpo diferente…”. Este é o ponto principal da Terceira Lei de Newton que fala sobre “ação e reação”. É difícil imaginar que o PSB vai simplesmente aceitar os resultados. A reação deverá ser pesada. Primeiro, Marília pode se preparar para receber muita pancada nos próximos programas eleitorais. A desconstrução será pesada e, mesmo a candidata já buscando se vacinar em várias frentes, isso deve ter algum impacto.

Outra opção
Em outra frente, uma questão começa a ser discutida. Caso a situação de Danilo se torne incontornável e a ameaça de a disputa acabar no primeiro turno seja concreta, quem seria o candidato mais confiável para receber um “apoio não explícito” do PSB e que pudesse fazer uma transição menos traumática antes de assumir? Miguel, Anderson, Raquel? Paulo Câmara (PSB), maior interessado e fiador de muitos acordos feitos no palanque de Danilo teria papel central nisso. É o futuro dele que está em jogo, também.

Crescendo
Raquel Lyra (PSDB) segue crescendo e manteve a segunda colocação. Ela passou de 11% para 12% da primeira para a segunda rodada. Nessa terceira rodada da pesquisa Ipec, chegou a 13%. Mas, o destaque é a rejeição à ex-prefeita de Caruaru. É a menor entre todos os candidatos. Ela é seguida de perto nas intenções de voto por Anderson Ferreira (PL), mas tem uma rejeição muito menor. Como na eleição de segundo turno a rejeição é um dos principais fatores, a atração de votos para ela, caso passe de fase, pode ser determinante. Hoje, a maior ameaça à eleição de Marília Arraes é Raquel Lyra. Pelo conjunto de números que as pesquisas vêm mostrando, Raquel tem chance de passar ao segundo turno e, por causa da rejeição, pode surpreender.

Senado
O crescimento de Teresa Leitão (PT) na disputa com André de Paula (PSD) pelo primeiro lugar está reforçando a ideia de que o eleitor decidiu votar em Marília e em Teresa, ignorando os companheiros delas. Danilo não acompanha a petista e André não acompanha Marília na votação. A eleição para o Senado só se resolve na última semana, à “beira da urna”, indecisos ainda são muitos, mas a tendência está consolidada.

Por Igor Maciel da coluna Cena Politica 

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